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jueves, 28 de mayo de 2009

PORTUGAL EM GUERRA

André Levy,.....Mai 28, 2009

Pouco se ouve falar sobre isso na comunicação social. O Governo, tirando momentos de propaganda, remete esse facto ao silêncio. Embora Portugal não tenha declarado oficialmente guerra a nenhum país e, segundo a nossa Constituição da República, Portugal se reger pela «solução pacífica dos conflitos internacionais [e pela] não ingerência nos assuntos internos dos outros Estados», o nosso país está envolvido numa guerra imperial.

Exceptuando as suas famílias e amigos, e os mais atentos às questões de paz e do envolvimento Português em manobras militares imperialistas, quase ninguém refere que existem tropas militares portuguesas na guerra de ocupação do Afeganistão.

Respondendo ao apelo do Presidente dos EUA, Barack Obama, durante a cimeira da NATO do passado Abril – cimeira que assinalou os 60 anos deste bloco imperialista (cuja dissolução, já agora, é preconizada pela nossa Constituição) – o primeiro-ministro Sócrates servilmente relevou a intenção de reforçar a presença Portuguesa no Afeganistão.

Portugal tem mantido aí um contingente que chegou a atingir os 300 militares. De momento, tem aí deslocados 87 militares, mas o Conselho Superior de Defesa Nacional já havia decidido em Dezembro do ano passado reforçar o contingente. Assim, em Julho partem mais 56 militares participar na ocupação imperial do Afeganistão, acompanhados de um Hércules C-130.

Apesar do seu contingente relativamente pequeno – face ao de outros países como os EUA, GB ou Alemanha – Portugal também já teve a sua conta de feridos e mortos em combate, em particular o primeiro-sargento, que integrava um destacamento que protegia o aeroporto de Cabul. Independente da quantidade de militares portugueses, a sua mera presença torna o nosso país cúmplice dos inúmeros crimes que estão a ser cometidos contra a povo Afegão e participante de uma ocupação imperialista que, à semelhança da ocupação do Iraque, não tem solução militar.

Há quem justifique a nossa presença no Afeganistão como integrando a Força Internacional de Assistência à Segurança (ISAF) das Nações Unidas, e portanto mandatada por esse órgão e ao abrigo do direito internacional. Mas há que recordar a ordem de eventos.

A invasão do Afeganistão há muito que constava nos planos militares dos EUA pela sua importância geo-estratégica, como revelou Zbigniew Brzezinski, conselheiro do Presidente Carter.Os EUA e a GB não perderam tempo após os ataques do Onze de Setembro. Não esperaram pelas NU, e aproveitaram o braço armado da NATO para logo em 7 de Outubro invadirem o Afeganistão.

Só a 20 de Dezembro de 2001, já consumada a ocupação, é que o Conselho de Segurança das NU aprovaram a missão da ISAF. Mas é a NATO que lidera as operações militares no terreno. É portanto significativo que Sócrates tenha afirmado o compromisso português na cimeira da NATO.Por contrário, o ministro dos negócios estrangeiros Espanhol afirmou, em Novembro de 2008, que a Espanha não irá reforçar a sua presença no Afeganistão.

Depois da morte de 10 soldados Franceses, em Agosto, o 27th batalhão recusou-se a deslocar ao território. Há países da NATO e da UE que se recusam a reforçar a sua participação. Mas Sócrates, qual bom súbdito, orgulha-se em brindar Obama com o reforço da presença portuguesa.

No âmbito das eleições europeias, o silenciamento do envolvimento militar de Portugal nas ambições das grandes potencias da NATO tem uma razão mais grave, pois contribui para ocultar a componente militarista do actual rumo de “construção europeia”, como está bem patente no Tratado de Lisboa, com a criação da Agência Europeia de Defesa.

Portugal, enquanto membro da UE, poderá ver-se assim pressionado a participar num número crescente de aventuras imperiais, que em nada servem os interesses nacionais e colocarão os nossos militares em risco.

Fuente: PCP.PT--Periódico del Partido Comunista de Portugal--CDU

Edita: PrensaPopularSolidaria-ComunistasMiranda

http://prensapopular-comunistasmiranda.blogspot.com

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